Queijo Minas Artesanal: Um tesouro cultural de Minas Gerais reconhecido pela UNESCO

O Queijo Minas Artesanal é um dos produtos mais emblemáticos do Brasil, especialmente do estado de Minas Gerais. Este queijo não é apenas um alimento, mas um símbolo de identidade cultural, tradição e economia local.

Reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil e, mais recentemente, pela UNESCO, o modo de fazer o Queijo Minas Artesanal foi classificado como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade e representa uma rica herança cultural que merece ser apreciada e preservada.

Queijaria Gomes - Foto: Nilmar Lage
Queijaria Gomes - Foto: Nilmar Lage

História e reconhecimento do Queijo Minas Artesanal

A história do Queijo Minas Artesanal remonta ao século XVIII, durante o ciclo do ouro em Minas Gerais, quando a necessidade de conservação do leite levou ao desenvolvimento de técnicas tradicionais de fabricação de queijo. Em 2008, o modo de fazer o Queijo Minas Artesanal foi registrado como patrimônio cultural imaterial pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Este reconhecimento destacou a importância cultural e econômica deste produto, que é uma fonte vital de renda para muitas famílias e comunidades rurais.

Reconhecimento da UNESCO

A UNESCO reconheceu o modo de fazer o Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade, destacando sua importância não apenas como um produto gastronômico, mas como um elemento vital da identidade cultural de Minas Gerais. Esse reconhecimento internacional valoriza as técnicas tradicionais e o conhecimento ancestral transmitido por gerações de produtores, que mantêm viva uma prática artesanal inserida profundamente na história e na economia local. O título sublinha a relevância dessas práticas para a diversidade cultural mundial e a necessidade de preservação de métodos autênticos de produção, que geram impacto social e econômico significativo nas comunidades mineiras.

Esta decisão destaca a importância cultural e histórica deste queijo, que é produzido em 106 municípios de Minas Gerais há cerca de três séculos. A produção do Queijo Minas Artesanal é um processo tradicional que utiliza leite cru, coalho, pingo e sal, seguindo métodos passados de geração em geração.

Roger Vieira desempenhou um papel crucial na candidatura dos modos de fazer do Queijo Minas Artesanal como Patrimônio Imaterial da Humanidade pela Unesco. Historiador e pedagogo, ele foi responsável por elaborar um dossiê detalhado que destaca a importância cultural e histórica deste bem alimentar brasileiro. Sua dedicação e habilidade em articular com diversas instituições e comunidades foram fundamentais para que o projeto fosse reconhecido internacionalmente, colocando Minas Gerais em uma posição de destaque no cenário mundial.

Queijo Mineiro Artesanal - Roger Vieira - Foto Nereu Jr
Queijo Mineiro Artesanal - Roger Vieira - Foto Nereu Jr

O processo de candidatura começou em 2022, quando ele, então diretor do Departamento de Patrimônio Imaterial do Iphan, identificou o Queijo Minas Artesanal como uma excelente representação da cultura brasileira para a Unesco. A proposta foi fortalecida pelo histórico de valorização dos modos de fazer queijo em Minas Gerais, que já contava com salvaguardas estaduais desde 2002. O reconhecimento pela Unesco não só celebra a tradição mineira, mas também abre portas para o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento econômico da região.

Com o reconhecimento pela Unesco, o Queijo Minas Artesanal se junta a outros patrimônios imateriais brasileiros, como o Círio de Nazaré e o samba de roda, reafirmando a riqueza cultural do Brasil.

Processo de produção do Queijo Minas Artesanal

O Queijo Minas Artesanal é produzido com leite cru de vaca, coalho, pingo e sal, seguindo um processo tradicional que inclui a coagulação do leite, corte da massa, prensagem, salga e maturação. Um elemento crucial no processo é o “pingo”, um fermento lácteo natural que confere ao queijo suas características microbiológicas únicas. Este processo artesanal é transmitido de geração em geração, envolvendo uma relação íntima entre os produtores e o ambiente natural.

O pingo - Fazenda Ouro das Gerais - Foto Nilmar Lage
O pingo - Fazenda Ouro das Gerais - Foto Nilmar Lage

Regiões Produtoras do Queijo Minas Artesanal

Minas Gerais abriga diversas regiões produtoras de Queijo Minas Artesanal, cada uma com suas peculiaridades que influenciam o sabor e a textura do queijo. Entre as regiões destacam-se a Canastra, Serro, Araxá, Cerrado, Serra do Salitre, Triângulo Mineiro, entre outras. Cada microclima contribui para a diversidade de sabores e características dos queijos produzidos.

Importância Cultural e Econômica

O Queijo Minas Artesanal é um componente vital da cultura alimentar mineira, estando presente no cotidiano das famílias e em celebrações. Sua produção não só sustenta a economia local, mas também promove o turismo rural, atraindo visitantes que desejam experimentar a cultura e a gastronomia de Minas Gerais.

O modo de fazer único do Queijo Minas Artesanal

O modo de fazer o Queijo Minas Artesanal é um processo tradicional e rico em detalhes, que reflete a herança cultural e a expertise transmitida através das gerações. A seguir, está uma descrição detalhada desse processo:

1. Obtenção do Leite

Ordenha: O processo começa com a ordenha do leite cru de vaca, que pode ser manual ou mecânica. O leite é então filtrado através de um pano para remover impurezas antes de ser levado para a queijaria.

2. Coagulação

Adição de Coalho e Pingo: Ao leite filtrado é adicionado de coalhoe o “pingo”, um fermento natural que é coletado do soro de produções anteriores. Este fermento é essencial para conferir ao queijo suas características únicas de sabor e textura.

3. Corte da Massa

Quebra da massa: Após cerca de 40 minutos, o leite coagula e forma uma massa sólida. Esta massa é cuidadosamente cortada e mexida para separar o soro.

4. Dessoragem e Prensagem

Remoção do Soro do Queijo Minas Artesanal na Queijaria Gomes - Foto Nilmar Lage

Remoção do Soro: A massa é então colocada em formas e o soro é retirado. No Serro, por exemplo, a prensagem é feita manualmente, enquanto em outras regiões pode-se usar um pano para envolver a massa e facilitar a extração do soro.

5. Salga

Adição de Sal: O queijo é salgado para acentuar o sabor e ajudar na conservação. O sal deve ser aplicado diretamente na superfície do queijo, e ele é virado para garantir uma salga uniforme.

6. Maturação

Cura: O queijo é então colocado em prateleiras de madeira em um ambiente controlado para maturar. O período mínimo de maturação varia de 14 a 22 dias, dependendo da região. Nesse tempo o queijo adquire uma casca firme e amarelada e por dentro, uma massa clara e macia.

7. Acabamento

Preparação para Venda: Após a maturação, o queijo passa por um acabamento, que pode incluir a raspagem ou lixamento da casca para melhorar sua aparência antes de ser comercializado.

Desafios e salvaguarda do Queijo Minas Artesanal

A produção do Queijo Minas Artesanal enfrenta desafios, especialmente em relação às normas sanitárias modernas que não consideram as especificidades do modo artesanal de produção. A mobilização da sociedade civil e de instituições públicas tem sido fundamental para proteger e promover o queijo, garantindo que as práticas tradicionais sejam mantidas enquanto se atende às exigências legais.

O Queijo Minas Artesanal é um verdadeiro ícone cultural e gastronômico de Minas Gerais, e os conceitos de patrimonialização e salvaguarda são cruciais para sua proteção e valorização. Esses processos asseguram que as tradições e práticas culturais relacionadas a este queijo sejam preservadas, garantindo sua continuidade e importância tanto no Brasil quanto internacionalmente.

Queijaria Gomes -Foto Nilmar Lage
Queijaria Gomes -Foto Nilmar Lage

Patrimonialização

Patrimonialização é o ato de reconhecer oficialmente um bem cultural como parte do patrimônio de uma nação. No caso do Queijo Minas Artesanal, esse reconhecimento teve início com a identificação do seu valor cultural, histórico e social, que levou ao seu registro como patrimônio cultural imaterial do Brasil pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2008. Este reconhecimento celebra o queijo não apenas por sua qualidade excepcional, mas também como um símbolo de identidade cultural. Destaca, ainda, a importância dos métodos tradicionais de produção, passados de geração em geração, assegurando que esses conhecimentos continuem a ser preservados para o futuro.

Salvaguarda

A salvaguarda envolve a implementação de políticas e ações destinadas a proteger e promover o patrimônio cultural imaterial. Para o Queijo Minas Artesanal, isso significa adotar medidas que assegurem a continuidade das práticas tradicionais de produção, ao mesmo tempo adaptando-se às exigências modernas, como normas sanitárias e de mercado. A salvaguarda é essencial para manter a autenticidade e qualidade do Queijo Minas Artesanal, garantindo que as futuras gerações possam continuar a produzi-lo e apreciá-lo como um patrimônio cultural.

Os processos de patrimonialização e salvaguarda do Queijo Minas Artesanal são fundamentais não apenas para a preservação cultural, mas também para o fortalecimento econômico das regiões produtoras. Ao valorizar o queijo como um patrimônio cultural, abre-se espaço para o desenvolvimento do turismo cultural e gastronômico, além de criar oportunidades de mercado que beneficiam diretamente os produtores locais.

Muito mais que um alimento

O Queijo Minas Artesanal é mais do que um alimento; é uma expressão de cultura, tradição e identidade que conecta as pessoas às suas raízes. Preservar e celebrar este queijo é essencial para manter viva uma parte importante da história e da cultura do Brasil. Ao saborear o Queijo Minas Artesanal, você desfruta não apenas de um produto de alta qualidade, mas também de um pedaço da alma e da tradição de Minas Gerais. Este reconhecimento internacional pela UNESCO destaca a importância global do Queijo Minas Artesanal e a necessidade contínua de preservação e celebração dessas práticas culturais únicas.

Luis Moura

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Quem sou eu

Prazer, Luis Moura. Sou publicitário de corpo e alma e geminiano dos mais loucos, nasci inquieto. Perdido entre os canais de viagem da tv e livros de história decidi vencer o medo e colocar o pé na estrada. A primeira em 2003 e a partir daí não parei mais. Por aqui desde 2016 quando a ajuda aos amigos para montar seus planos de viagem viraram coisa séria.

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